Precisamos falar de Discapacidade


(você também pode ver o conteúdo deste texto neste vídeo)

Quantas pessoas com alguma discapacidade você conhece? Talvez você me diga que conhece alguém mais velho, com algum tipo de demência ou problemas físicos; ou alguma pessoa com síndrome de Down; ou o filho da amiga de sua mãe que tem autismo; ou um aluno meio “mal educado” que foi diagnosticado de TDAH, alguém com paralisia cerebral... um vizinho cego, um surdo.

Pois essa semana eu precisei chamar às famílias das pessoas com discapacidade vinculadas à associação onde eu trabalho aqui em Barcelona, e no meu caderninho constavam o nome de 139 crianças, adolescentes e adultos com discapacidade. E eu pensei "Nossa... eu conheço 139 pessoas e famílias deste coletivo, e de verdade tem gente que não conhece nenhuma?". Mas será que é só isso? 

E se eu te disser que, de acordo com a Encosta Mundial de Saúde e a Carga Mundial de Morbilidade da OMS, entre 15% e 19% da população vive com alguma discapacidade? Isso seria em média mil milhões de pessoas. E se eu te dissesse ainda que 95 milhões de pessoas são crianças entre 0 e 14 anos? 95 milhões de crianças e futuros adultos com discapacidade!

Pois, a gente precisa começar a falar da discapacidade, porque ela existe! Às vezes a gente acha que não, porque não vemos pessoas com deficiências com muita freqüência pelas ruas, mas isso acontece porque tem muita família sem poder sair de casa por falta de acessibilidade, de ofertas de serviços de ócio e de oportunidades em geral. Mas a discapacidade não só existe, como as cifras aumentam a cada dia:
  • Existe a discapacidade que é fruto de problemas de saúde, relacionados a problemas de maturação cerebral, a falta de oxigênio no cérebro, a problemas genéticos, a catarata, a sarampo, etc...
  • Também existe a discapacidade que é fruto de fatores ambientais, como os acidentes de carro, as catástrofes naturais, as guerras, os hábitos alimentares, os abusos de substâncias....
  • E não podemos esquecer que cada vez mais as pessoas vivem mais, e pessoas idosas tem um maior risco de padecer de alguma discapacidade crônica (como a diabetes, as doenças cardiovasculares, os transtornos mentais...).
E sim, é verdade que quando a gente fala de discapacidade, existem coisas que fogem do nosso controle, porque eu não posso controlar a formação do bebê quando ele ainda está na barriga da mãe, eu não posso controlar o desenvolvimento cerebral dessa criança com autismo, eu não posso prever que alguém se afogue no mar e tenha uma sequela cerebral, eu não posso evitar que minha avó de 90 anos não seja capaz de subir a escada do prédio, eu não influencio diretamente no soldado que joga uma bomba dentro da casa de alguém lá no Iraque e deixa uma mulher com 80% do corpo queimado (e olhe que eu conheci gente assim).

Mas eu preciso ser consciente de que a minha interação com essas pessoas pode mudar consideravelmente a sua experiencia com a sua discapacidade, porque nem todas as pessoas com discapacidade tem as mesmas desvantagens.

Por exemplo: 
A gente sabe que as escolas estão melhor adaptadas para aceitar crianças com discapacidade física que com deficiências intelectuais ou sensoriais. A gente vê escolas com elevador, rampas, mas não vê escolas com pictogramas, braile ou outras adaptações. E então o que acontece? As crianças com autismo e outras síndromes não podem ir pra escola? Não podem aprender? E se não aprendem, quê? Vão ser adultos sem escolarização, sem trabalho, sem amigos, marginalizados ou na cadeia?

E os adultos que sofrem de problemas mentais? Eles dificilmente cobrem as cotas de trabalho das empresas. Então... a menos que sejam adultos geniais como Stephen Hawking ou Steve Jobs, não vão poder trabalhar e dependerão dos pais pra sempre?    

E as mulheres, os negros, os pobres, os gordos e os LGBTS que também tenham alguma discapacidade? Sofrem dupla discriminação? Pressão estética? São vistos com outros olhos? São doentes? Vão ser aceitos quando emagrecerem? Vão poder se defender da violência?

Isso sem falar das pessoas com discapacidade que tem a sua sexualidade negada. Porque um adulto tetraplégico não tem desejos ou vontade de viver uma relação íntima? Basta pensar nas pessoas que deixaram de andar quando já tinham, não sei, 30 anos. Elas simplesmente apagaram a vida sexual delas da cabeça, porque agora já não sao capazes de fazer coisas sozinhas?

Em resumo, eu não posso controlar que uma criança tenha autismo, mas eu posso lutar por serviços de saúde que façam um diagnóstico precoce nessa criança e estimulem ela o quanto antes, ou posso aceitar ela na escola, ou lutar por uma educação inclusiva, ou conscientizar meu filho de que o amiguinho dele tem autismo, ou fazer um currículo escolar adaptado.

Do mesmo jeito, eu não posso controlar que um adulto tenha um retraso cognitivo ou uma inteligência limite, mas eu posso lutar por empresas que melhorem os seus sistemas de cotas, que se dediquem a inserção laboral dessas pessoas, que lhes paguem um salário digno, que valorem a sua função.

Eu não posso controlar os hormônios e os desejos dos seres humanos por ter relações íntimas, mas eu posso não infantilizar o adulto com discapacidade, eu posso não tratar ele como se fosse um objeto que fica na frente da televisão o dia inteiro.

E diversos outros restos.

E como a gente luta? Gerando conhecimento, diminuindo os preconceitos, destruindo as barreiras, reivindicando e, principalmente, FALANDO!!! Gritando se fizer falta. 

Você me acompanha nessa luta?
Me encontrem também em:
INSTAGRAM: @dea.martinez
TWITTER: @deamsouza


----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Hay que hablar sobre la Discapacidad

(El presente texto ha sido escrito teniendo como referencia el contexto brasileño. En España, aunque todavía exista un largo camino por recorrer, la lucha por los derechos de las personas con discapacidad es más fuerte.)


¿Cuántas personas con discapacidad tu conoces? Quizás me digas que conoces a alguien mayor, con algún tipo de demencia o problemas físicos; o alguna persona con el Síndrome de Down; o el hijo de la amiga de tu madre, que tiene autismo; o un alumno un poco “mal educado”, que ha sido diagnosticado con TDAH; o alguien con parálisis cerebral… un vecino ciego, un sordo.

Pues, esa semana he necesitado llamar a las familias de las personas con discapacidad vinculadas a la asociación en dónde trabajo, aquí en Barcelona, y en mi cuaderno constaban los nombres de 139niños, adolescentes y adultos con discapacidad. Entonces he pensado “Vaya… ¿cómo es posible que haya tanta gente con discapacidad en el mundo y, a la vez, gente que no conoce a ninguna que conozco 139 personas y familias de este colectivo?”. Pero seguro habrá más gente…
¿Y si te digo que de acuerdo con la Encuesta Mundial de la Salud y la Carga Mundial de Morbilidad de la OMS, entre un 15% y un 19% de la población mundial vive con alguna discapacidad? Eso daría una media de mil millones de personas.

¿Y si te dijera que 95 millones de personas son niños entre 0 y 14 años? 95 millones de niños y futuros adultos.

Pues es necesario empezar a hablar sobre la discapacidad, porque ella existe. A veces creemos que no, porque no los vemos por la calle muy a menudo, pero eso ocurre porque hay muchas familias que no salen de casa por la falta de accesibilidad, de ofertas de servicios de ocio y de oportunidades en general. Pero la discapacidad existe, y las cifras suben a cada día.

Existe la discapacidad que es fruto de problemas de salud, relacionados a problemas de maturación cerebral, a la falta de oxígeno, a problemas genéticos, a catarata, sarampión…
También existe la discapacidad que es fruto de factores ambientales, como los accidentes de coche, las catástrofes naturales, las guerras, los hábitos alimentarios, los abusos de sustancias…
Y no nos podemos olvidar que cada vez más las personas viven más, y las personas mayores tienen un mayor riesgo de padecer de alguna discapacidad crónica, como es la diabetes, las enfermedades cardiovasculares, los trastornos mentales….

Y si, es verdad que cuando hablamos en discapacidad, existen cosas que huyen de nuestro control, porque yo no puedo controlar la formación del bebé cuando aun está en la barriga de su madre, tampoco puedo controlar el desarrollo cerebral de un niño con autismo, ni puedo prever que alguien se va a ahogar en el mar y tener alguna secuela cerebral. También no puedo evitar que mi abuela de 90 años ya no sea capaz de subir las escaleras de mi edificio, ni influyo directamente en el soldado que lanza una bomba dentro de la casa de alguien en Irak y deja a una mujer con 80% de su cuerpo quemado.

Pero necesitamos se conscientes de que la nuestra interacción con esas personas puede cambiar considerablemente su experiencia con su propia discapacidad, porque ni todas las personas con discapacidad tienen las mismas desventajas.

Por ejemplo:

Sabemos que las escuelas están mejor adaptadas para aceptar a niños con diversidad física que intelectuales o sensoriales. Vemos escuelas con ascensor y rampas, pero no vemos escuelas con pictogramas, braille u otros sistemas adaptativos. ¿Entonces qué es lo que pasa? ¿Los niños autistas o con otros síndromes no pueden ir a la escuela? ¿No pueden aprender? ¿Serán adultos que no podrán inserirse en el mercado laboral? ¿Sin ingresos? ¿Sin amigos? ¿Marginalizados? ¿En la cárcel?

¿Y los adultos que sufren de problemas mentales? Las empresas no se preocupan en inserirlos en el mercado laboral. Entonces, a menos que tengan altas capacidades, como Stephen Hawking o Steve Jobs, no podrán trabajar y dependerán de sus padres. ¿Pero qué pasará cuando sus padres ya no estén?

¿Y las mujeres, negros, pobres, gordos y personas LGBTI que también tienen alguna discapacidad? ¿Sufrirán doble discriminación? ¿Serán vistos con otros ojos? ¿Se podrán defender de los ataques violentos contra ellos?

Eso por no hablar de las personas con discapacidad que tienen su sexualidad negada, porque la gente no cree que un adulto tetrapléjico tenga el derecho de tener deseos o ganas de vivir una relación íntima.

En resumen, no puedo controlar que un niño tenga autismo, pero puedo luchar por servicios de salud que les hagan un diagnóstico precoz y que lo estimulen desde edades tempranas, o puedo aceptarlo en la escuela, o luchar por una educación inclusiva, o conscienciar mi hijo que su amiguito del cole tiene autismo, o adaptar su currículo escolar.

De igual modo, puedo no controlar que un adulto tenga un retraso cognitivo o una inteligencia límite, pero puedo luchar por empresas que mejores sus sistemas de cuotas, que de dediquen un poco más a la inserción laboral de esas personas, que les paguen un sueldo signo, que valores su función.

Tampoco puedo controlar las hormonas y el deseo natural de los seres humanos de tener relaciones íntimas, pero puedo no infantilizar el adulto con discapacidad, puedo no tratarlo como si fuera un objeto y no dejarlo delante de la tele durante todo el día.


Y muchas otras cosas.

E como podemos luchar? Generando conocimiento, derribando barreras, acabando con los prejuicios, reivindicando y, principalmente, HABLANDO. Gritando se hace falta. 

Me acompañas en esa lucha?

Andréa Martínez
Me podéis encontrar también en:
INSTAGRAM: @dea.martinez
TWITTER: @deamsouza

Comentários