O livro "Memórias, Sonhos e Reflexões" de Carl
Gustav Jung, era um dos livros que estava estacionado na minha estante,
esperando o momento certo para ser lido.
Trata-se da autobiografia/autoanálise de Jung, onde não houve medição das palavras. Ele foi minucioso, expôs os mínimos detalhes, foi prolixo e nada objetivo - mas não há como esperar o contrário numa análise.
Na minha opinião, o que torna este livro incrível são, basicamente, os capítulos que falam sobre a Atividade Psiquiátrica e sobre a aproximação que Jung teve como Sigmund Freud. O Encontro com o Inconsciente e as Cartas finais também me chamaram atenção. Os demais capítulos tratam mais sobre a infância, anos escolares, temas afins e detalhes da vida de Jung, relatando como ele formulou sua teoria.
São 360 páginas, densas, de pura vida e obra. Se por um lado esta riqueza de detalhes é positiva para o entendimento – jamais completo – do que se passou na cabeça de Jung em todos estes anos, por outro lado, ler estes detalhes torna, em parte, a leitura um pouco maçante. Meu conselho: antes da leitura, beba uma xícara de café e tenha em mãos um bom marcador de texto (ou dois).
Trata-se da autobiografia/autoanálise de Jung, onde não houve medição das palavras. Ele foi minucioso, expôs os mínimos detalhes, foi prolixo e nada objetivo - mas não há como esperar o contrário numa análise.
Na minha opinião, o que torna este livro incrível são, basicamente, os capítulos que falam sobre a Atividade Psiquiátrica e sobre a aproximação que Jung teve como Sigmund Freud. O Encontro com o Inconsciente e as Cartas finais também me chamaram atenção. Os demais capítulos tratam mais sobre a infância, anos escolares, temas afins e detalhes da vida de Jung, relatando como ele formulou sua teoria.
São 360 páginas, densas, de pura vida e obra. Se por um lado esta riqueza de detalhes é positiva para o entendimento – jamais completo – do que se passou na cabeça de Jung em todos estes anos, por outro lado, ler estes detalhes torna, em parte, a leitura um pouco maçante. Meu conselho: antes da leitura, beba uma xícara de café e tenha em mãos um bom marcador de texto (ou dois).
Aqui eu trago, resumidamente, pontos do que julgo mais importante. Caso você queira saber mais profundamente sobre os conceitos jungianos, este não é o livro que você procura. Mas se você, assim como eu, admira Jung e tem interesse em saber sobre sua história de vida, sim, este é um livro riquíssimo.
“Minha
vida é a história de um inconsciente que se realizou.” (Jung, p.19)
Veja mais em: Trechos de Jung: Memórias Sonhos e Reflexões.
Foi Freud
também um dos primeiros a introduzir a questão da psicologia na psiquiatria.
Até então, os doentes mentais eram analisados somente em seus sintomas e com o
objetivo de se fechar um diagnóstico. O lado humano do atendimento, em ver cada
doente como um indivíduo, não existia até então. Este foi um dos pontos que fez
de Jung um grande admirador das pesquisas e trabalhos de Freud, pois ele
compartilhava desta ideia, e passou a seguir esta ideologia, com sucesso, em
sua prática clínica.
Com isso,
Jung também estava mostrando ao mundo um novo método de atender seus pacientes,
o método analítico. Aos poucos, os demais profissionais começaram a se
interessar e a querer descobrir quais as regras para estes atendimentos. No
entanto, Jung evitava ser sistemático, pois acreditava que cada doente exigia o
emprego de uma linguagem diferente. Além disso, ele não tinha pretensão de
confirmar sua teoria, mas de fazer com que o paciente compreendesse a si mesmo.
Jung defendia também que o terapeuta conhecesse a si próprio, e não apenas ao
doente, pois acreditava que somente quando dominamos os próprios problemas, é
que se torna possível o cuidado ao paciente.
Freud à esquerda e Junga à direita. |
O ponto alto
deste livro é, a meu ver, o encontro de Jung com Freud. Jung abordou sua
relação com ele e as viagens que fizeram juntos. É um capítulo maravilhoso, em
que é possível perceber que existia ali uma relação autêntica de amizade, mas
que havia também um conflito, pois desde o início era forte a diferença nos
pontos de vista sobre os traumas sexuais e a libido. Chego a dizer que, mesmo
com diferentes convicções, Jung foi o maior fã e admirador do trabalho de Freud
– e isto perdurou após a ruptura dos dois. Foi de tanto escrever sobre ele que
Jung foi convidado pelo próprio Freud para uma conversa que mudaria o rumo de
sua vida. A admiração era tamanha que Jung aceitou correr os riscos que aquilo
lhe proporcionava, afinal, naquela época, Freud não era visto com bons olhos
pela sociedade conservadora, que não aceitou de forma harmoniosa sua teoria
acerca da sexualidade infantil. Era arriscado para a formação de Jung seu
contato com Freud, mas ainda assim ele o fez.
Jung coloca
que via em Freud “um grande homem”, inteligente, mais velho e maduro – como um
pai. Dizia que aquela amizade era muito preciosa para ele e que não se sentia à
altura do mestre para manter qualquer discussão. Ele admirava o fato de Freud
acreditar tão fielmente em sua teoria da sexualidade, mas, até certo ponto,
isto o assustava. Jung tinha dúvidas sobre até que ponto a necessidade de
tornar esta teoria um dogma não representava uma vontade de poder pessoal. Além
disso, Jung começou a desconfiar que o próprio Freud sofria de uma neurose,
pois o tema da sexualidade era muito presente e havia se apoderado dele.
Seu conflito
interno se deu porque Jung estava tão impressionado pela personalidade de
Freud, que renunciou seu próprio julgamento. Não se sentia qualificado para
confrontá-lo e ao mesmo tempo, temia perder sua amizade. Mas no fundo ele sabia
que não devia calar seu modo de pensar e assim o fez: “rompeu” sua relação com
Freud.
Por muito
tempo, quando ouvi falar da ruptura de Freud e Jung, acreditava que eles
tivessem se tornado inimigos ou coisa parecida. Minha surpresa foi ver
que nada disso ocorreu. Até o fim de sua vida, Jung fez grandes observações
sobre Freud, reconhecendo sua coragem em lançar uma teoria tão inovadora e as
consequências positivas do seu trabalho, e este último sempre lhe escreveu
cartas assinando, por vezes, como “Seu amigo fiel, Freud” e dizendo-lhe que: “cada
qual tem a razão de obedecer ao encadeamento de seus impulsos.” (p. 319).
Isto mostra que apesar de discordarem um do outro, havia o respeito mútuo.
OBS: Este capítulo me valeu o livro inteiro.
Após a
ruptura, Jung descreve a sua desorientação e o período em que se manteve em sua
autoanálise, com a interpretação de seus sonhos. Descreveu seus medos e sua
quase passagem para o mundo da loucura e desordem: o inconsciente. Descreveu
também como ocorreu seu contato com a alquimia e como esta temática tem total
ligação com sua teoria. Jung percebeu que a alquimia lidava com símbolos
históricos e, para ele, que já pensava nos arquétipos e no inconsciente
coletivo, aquilo lhe caiu como uma luva e lhe deu embasamento para seu método
analítico e para o conhecimento de si próprio. Foi neste momento, afirma ele,
que começou a seguir seu próprio caminho e, enfim, a escrever sobre os Tipos
Psicológicos, sobre sua teoria da Libido, sobre o processo de individuação,
anima e animus, e sobre os mitos. E assim
nasceu um mestre.
Li apenas hoje... parabéns pelo texto.
ResponderExcluirFernando Paiva.
cadê as devidas referências
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