Os 7 Segredos da Inovação de Steve Jobs aplicados à Diversidade

Que Steve Jobs foi um revolucionário, disso não há dúvidas. Conhecia um pouco de sua história e recentemente estive lendo mais sobre sua trajetória, até que encontrei os seu 7 Princípios da Inovação - que não estou segura se foi ele quem redatou, ou alguém que sintetizou suas idéias - só sei que de alguma maneira estes pensamentos me tocaram e hoje eu escrevo sobre estes princípios aplicados ao meu trabalho e à prática com pessoas com Diversidade Funcional e Intelectual (e suas famílias).


 1- FAÇA O QUE VOCÊ AMA.  Para trabalhar com diversidade, é necessário vocação. Esta é uma das frases que eu mais escuto no meu dia a dia e é real. Nem todo mundo tem a capacidade emocional para passar por determinadas situações, assim como nem todo mundo conseguiria ser médico numa UTI, ou limpador de vidro de edifícios de 30 andares. Isto porque a diversidade tem dois lados. É verdade que ela é normal, que a inclusão é possível, que pessoas diversas são capazes e que passar tempo com elas é de um aprendizado incrível, mas também é verdade que às vezes vivemos situações que nos abalam profundamente. Famílias desesperadas em busca de apoio e reconhecimento, perfis potencialmente perigosos (inclusive crianças e adolescentes), internamentos hospitalares nas mais diversas idades, comorbidades como crises epilèpticas e ausências, e muitos etcéteras. Apesar dos pesares, é possível amar nossa profissão.

 2. BUSCA O SEU LUGAR NO UNIVERSO. Às vezes a gente precisa passar por tanta coisa pra encontrar nosso lugar no mundo... às vezes a gente só descobre nossas paixões depois dos 30, só descobre o que nos motiva quando já está fazendo algo totalmente diferente e tem medo de abrir mão e deixar ir. Isso aconteceu comigo e com muita gente a meu redor. Antes de me encontrar na profissão, eu vendi brigadeiro, trabalhei em loja de brinquedo, fui recepcionista e até vendi móveis, caricaturas e dever de casa. Pra encontrar meu lugar no universo eu precisei descobrir onde eu não queria estar, e isto é incrível.

3. DESENVOLVA O SEU CÉREBRO CRIATIVO. A criatividade é, desde o meu ponto de vista, a melhor ferramenta pra adaptação de qualquer pessoa. Na minha vida pessoal, ser criativa foi e continua sendo uma das minhas principais virtudes, e é o que me ajuda a dar reviravoltas e continuar levantando cada vez que alguma coisa dá errado. Não obstante, é no âmbito profissional que a criatividade mais se manifesta: quando trabalhamos com pessoas diversas, principalmente crianças, as brincadeiras, os jogos, a percepção do mundo... tudo isso é diferente, mas a infância está ali e o direito a ser criança e se divertir também. O cerébro criativo se ativa cada vez que a gente precisa dar respostas a eventos não convencionais. Se para pais de crianças neurotípicas às vezes é difícil inventar atividades, já pensou para uma infância neuroatìpica?

4. DIGA NÃO A MIL COISAS. Esta é a mais importante e às vezes a mais difícil. Mas dizer não e ensinar o não é importantíssimo: - Dizer não às propostas de trabalho que vendem a cura e não a aceitação. - Dizer não às pessoas que não trabalham bem, que abusam de seu poder com as pessoas com diversidade, que não contribuem para um mundo melhor e mais inclusivo. - Dizer não às famílias que pedem mais do que o que o profissional é capaz de oferecer. - Dizer não às pessoas com diversidade que às vezes crescem num contexto de total permissividade. - Dizer não ao sentimento de salvador, de herói, de piedade, de paternalismo, de assistencialismo... - E diversos outros restos.
 
5. CRIE EXPERIÊNCIAS INCRÍVEIS. Esta é a parte do meu trabalho que eu mais amo: pensar em atividades, lugares e experiências em geral que a sociedade não permite o acesso às pessoas com diversidade. Criar experiências incríveis é adaptar jogos, brincadeiras e atividades ao mesmo nível do participante, é buscar meios de comunicação alternativos e adaptativos, é fomentar a melhor relação entre pais e filhos. Às vezes as pessoas acreditam que as pessoas diversas não tem outros interesses que não ficar em casa e ver a televisão. Aqui na Espanha existem até discotecas para pessoas com diversidade, e eu acho isso incrível.

6. DOMINE A MENSAGEM. Este princípio é o que mais combina comigo, porque eu vivo a diversidade quase 24 horas por dia: é meu trabalho, é meu lazer, é o que eu faço inclusive no meu tempo livre. Sem querer eu revivo experiências que as pessoas gostam de escutar. Às vezes ver que existem pessoas felizes em meio a adversidades tão grandes faz a gente acordar pra vida. Realmente é uma bomba de motivação que inpira muita gente. 

7. VENDA SONHOS, NÃO PRODUTOS. Eis aqui o meu maior problema com a Psicologia atualmente. Vejo muitos profissionais sem experiência prática falando da diversidade que eles leram nos livros, porque está de moda e vende. Também vejo profissionais convencendo às famílias fragilizadas de que os filhos se encontram em uma determinada situação porque a mãe o pai falharam na educação, que o método A ou B é o melhor, e que seguem fazendo atendimento em clínicas privadas cobrando muito dinheiro de famílias que pagam milhoes pra que seus filhos se "curem", enquanto na geladeira falta até feijão. O sonho que eu vendo é a minha escuta, é a minha conversa com aquela mãe desbordada que acha que está fazendo tudo errado, é o progresso da minha criança que antes não sabia comer sozinha e que agora segura até o próprio garfo.



Espero que tenham gostado.

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