O livro “Mulheres que Correm com os Lobos:
Mitos e Histórias do Arquétipo da Mulher Selvagem” é, sem sombra de
dúvidas, o meu livro favorito no mundo. Chegou até mim por meio de uma
professora da graduação de Psicologia e agora
ele é a minha Bíblia, o meu Alcorão e o meu
Mantra Sagrado. É um destes livros transformadores, que muda completamente sua
maneira de ser e de agir. Penso que é leitura obrigatória para todas as
mulheres, pois é impossível não se identificar
de algum modo com algum dos capítulos.
A autora, Clarissa Pínkola Estés, é
doutora em Psicología Analítica Junguiana e Etnoclínica, além de contadora de
histórias, seu principal mecanismo de cura dos pacientes. Para ela, as
histórias tem força e
possuem ricas instruções
de orientação nas complexidades da vida.
Nesta obra, ela fala sobre a semelhança que as mulheres tem
com os lobos: ambos possuem a percepção aguçada, o espírito brincalhão,
a capacidade para a devoção, são sociáveis, curiosos,
fortes, intuitivos, tem grande preocupação para com seus filhores, seus parceiros e sua matilha.
Além disso, são determinados, corajosos e se
adaptam às circunstâncias em constante mutação. No entanto,
as duas espécias sofreram perseguições ao longo da história e a ambas lhes foram atribuídos julgamentos que não eram
verdadeiros. Por conta disso, pouco a pouco as mulheres foram perdendo seus
instintos naturais e sofreram sucessivas “feridas na alma”, de modo que
mulheres apertadas em cintas, contidas e discretas passaram a ser
consideradas “corretas”, enquanto àquelas que conseguiam fugir da coleira eram
consideradas “rebeldes”. E assim seguimos até hoje.
O objetivo desta obra, então, é desconstruir esta imagem e, sobretudo, “dar
coragem”(pág.35) àquelas que necessitam libertar o arquétipo da
Mulher Selvagem (seus instintos naturais) de dentro delas. Ou seja, é destinado
a todas as mulheres que se sentem cansadas, fracas, depressivas, confusas,
presas, caladas, desestimuladas, assustadas, sem significado, inseguras,
incapazes de realizações, que entregam a própria criatividade para outros, que
escolhem parceiros, empregos ou amizades que lhes esgotam a energia, que se
sentem incapazes de fixar limites e que sofrem por não viverem de acordo com seus próprios ciclos.
Dentre os temas abordados no livro, alguns
me fazem amá-lo mais que outros:
- “La Loba” e “A Mulher Esqueleto” nos ensinam sobre o “ciclo
vida-morte-vida”, que é o nosso grande aprendizado da vida: consiste
em compreender exatamente o que deve viver e o que deve morrer - seja à
nossa volta ou dentro de nós;
- O “Barba Azul” nos mostra que dentro de um único ser humano,
existem outros muitos seres; que devemos conhecer quem são nossos
predadores; e que devemos valorizar o poder de nossa intuição, de nossas idéias e de nós mesmas;
- A “Boneca Vasalisa” nos ensina que a mãe-boa-demais que levamos
conosco, deve se tornar cada vez mas fraca em nosso processo natural de
amadurecimento, para que descubramos como tomar conta de nós mesmas num
mundo que não é maternal;
- O “Patinho Feio” nos fala sobre o que é ser diferente, sobre o
que é buscar por seu próprio grupo, e nos fornece um grande aprendizado
sobre o isolamento ou sobre fingir ser o que não se é… Dentre muitas
outras histórias.
Trata-se de um livro denso, com mais de
520 páginas, porém muito rico. Sua leitura, no entanto, deve ser feita com
muita calma, pois possui uma linguagem rebuscada, por vezes prolíxa. Minha
recomendação é de que você tenha em mãos
um marcador de texto, e que se preocupe mais em asimilar a essência de cada
capítulo, que de terminar a leitura de todos o mais rápido possível. Você
poderá encontrá-lo em qualquer livraria. Seu preço
varia entre r$60,00 e R$70,00.
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