Eu acredito que a esta altura
do campeonato, para muitos, querer que seu candidato ganhe é mais uma questão
de ego e de orgulho do que de princípios. Formou-se um sistema de crenças tão
forte quanto o cristianismo e esqueceu-se de questionar que uma crença só faz
provar que o "fenômeno crença" existe, mas não a realidade do seu
conteúdo (Jung, 1986). Mas, cada um se sustenta, de algum modo, na sua
própria verdade, por isso a defendem com tanto fervor.
A realidade é que os fatos
estão na mesa. Cada um escolhe aqueles que lhes convém e forma sua opinião
para, assim, defender o seu "Deus" - este ser maravilhoso que veio ao
mundo para nos salvar. E há ainda quem acredite que seu Deus é melhor que o
outro! Você conhece essa história? É, mais uma vez, a luta simbólica do
"bem" contra o "mal".
O que me assusta é a
quantidade de pessoas buscando por Salvação. Sim, as pessoas buscam a melhora
do país, mas, sobretudo, buscam mudanças em suas vidas. Buscam alguém que mude
o rumo, alguém que as salve neste mundo, alguém que mude tudo no lado de fora,
para que as façam acreditar que tudo mudou do lado de dentro. Não é à toa que
muitos estão tendo a oportunidade de falar: falas complexas, falas confusas,
falas mal colocadas e, por vezes, nem sequer ditas. Falas de ódio, de raiva, de
esperança, de acomodação, de autossuficiência. Em suma, amarguras internas
dirigidas aos partidos: pessoas denunciando e pessoas denunciando-se.
A verdade é que as redes
sociais viraram uma grande sala de terapia, com muitos pacientes e poucos
psicólogos.
Andréa Martinez
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