Quando o assunto é morte,
nunca estamos preparados de fato. Mas quando ouvimos falar sobre suicídio,
realmente nos assustamos. Foi o caso do memorável ator, Robin Williams. O mundo ficou
realmente chocado quando soube de seu enforcamento, e não é pra menos. Não
quero aqui falar sobre seu suicídio por conta do uso de álcool e drogas,
problemas familiares e depressão, porque infelizmente nossos ouvidos já estão
acostumados a escutar casos semelhantes – como o ocorrido com Chorão e Champignon,
do Charlie Brown Jr, e o
humorista Fausto Fanti.
Quero falar minha opinião sobre o que nos chocou de verdade a partir dos muitos
comentários que escutei sobre o assunto.
Muitas pessoas disseram que
Robin Williams marcou suas vidas por ser tão engraçado, divertido, por irradiar
alegria. Todos sabem que apesar de ele ter se destacado em diversas categorias
de filmes, seu forte mesmo sempre foi a comédia, o improviso e o stand-up
comedy.
Como pensar, então, que uma
referência na comédia cinematográfica chegaria a este extremo? Como pensar
que uma pessoa que passava tanta felicidade, conquistava tantos sorrisos,
estava na verdade, em tristeza profunda? Bem... A gente nunca pensaria,
pois coletivamente falando, todos nós criamos uma imagem bonita deste ator.
Este é o tipo de coisa que
acontece diariamente com todas as figuras públicas e quase sempre nem
percebemos. Não julgo mal, são estratégias de marketing para vender o produto.
Na maioria das vezes, os próprios produtores e empresários criam um personagem
dito comercial – mudam cortes de cabelo para que as pessoas pareçam mais
descoladas, ou vestem roupas específicas para que a pessoa pareça mais ousada. Noutras,
a mídia cria histórias que nos fazem acreditar que a celebridade tem uma
personalidade específica, quando na verdade não tem. Existe ali um
personagem a ser vendido, não um ser humano real. E por não os conhecermos
pessoalmente, acabamos criando uma imagem, um personagem, e fazemos desta
imagem uma verdade absoluta.
Creio que foi isso que chocou
o mundo. De tanto nos passarem a ideia do ator alegre e feliz, através de
grandes filmes, no dia de sua morte, nós negamos a todo o custo a ideia de que
ele não fosse nada disso – ou que já tivesse sido feliz no passado, mas não no
presente. Misturamos a imagem do ator com a dos personagens e fizemos disso uma
pessoa só. É aí que está o conceito Jungiano de Persona:
“o que alguém na realidade não é, mas o que ele mesmo e os outros pensam que
ele é”. Deste modo, os noticiários mexeram com nosso sistema de crenças,
com aquilo que julgávamos ser verdade. Por isso a tristeza, o incômodo, a
inconformidade, o luto.
Aqui vai um alerta: o
desespero está até nos risos. Ele está oculto na fala mansa e suave, nas
palavras doces, em um olhar calmo e sereno. Assim como o chorar, o riso deve
ser exato, comedido, oportuno, pois o rir demais também é perigoso. Lembre-se,
as ações precisam de equilíbrio. Sempre.
Deixo aqui o meu Adeus a este grande Ator.
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